segunda-feira, 19 de junho de 2017

Análise: América Invertida - Torres Garcia (1943)


Em célebre quadro dos anos 1940, o artista plástico uruguaio Joaquín Torres García (1874-1949) desconstruiu o sentido da organização do mundo por hemisférios e a hierarquia ideológica nele representada. O Norte como origem e centro da História e o Sul como colonização tardia do Ocidente. Progresso em cima e atraso embaixo, em termos corriqueiros. No quadro, Torres García inverte a imagem da América do Sul que costumeiramente encontramos nos livros e que, desde a infância, está impressa na mente das crianças alfabetizadas. A escolha da imagem e a estratégia de inversão (de ponta-cabeça) servem para atestar o gesto precoce, atrevido e utópico de inserção da América Latina no mundo civilizado. Atesta, ainda, a favor da preeminência da Geografia sobre a História, do espaço sobre o tempo e declara a ambiguidade do papel desempenhado pelas cartas geográficas na compreensão das nações colonizadoras se vistas da perspectiva pós-moderna. ”Nosso norte é o Sul. Não deve haver norte, para nós, senão por oposição ao nosso Sul. Por isso agora pomos o mapa ao revés, e então já temos a exata idéia de nossa posição, e não como querem no resto do mundo. A ponta da América, desde agora, prolongando-se, assinala insistentemente o Sul, nosso Norte” (Joaquin Torres García)

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