domingo, 2 de julho de 2017

Análise: Êxodos - Sebastião Salgado

O fotógrafo mineiro Sebastião Salgado precisou deixar o Brasil na década de 1960. Militante da esquerda, viu-se perseguido pelo regime militar e foi obrigado a ir para a França. Já formado em economia no Brasil, teve que trabalhar descarregando caminhões numa cooperativa de estudantes. A esposa, Lélia, atuava como balconista. Sensível às dificuldades por que passam os imigrantes, afinal ele as havia sentido na pele, Sebastião documentou, durante seis anos, em 40 países, a vida de pessoas que, como ele, tiveram que abandonar sua pátria. As fotos Foram reunidas em um livro homônimo, que foi lançado pela Companhia das Letras em 2000. Também as fotografias se encontram em exposição. Sebastião observa que o movimento migratório, na maioria das vezes, é realizado contra a vontade do próprio migrante. “É uma história perturbadora, pois poucas pessoas abandonam a terra natal por vontade própria. Algumas sabem para onde estão indo, confiantes de que as espera uma vida melhor. Outras estão simplesmente em fuga, aliviadas por estarem vivas. Muitas não conseguirão chegar a lugar nenhum”. Os motivos pelos quais elas abandonam sua nação são diversos, mas a guerra é um dos mais frequentes.
Há, por exemplo, mulheres que saíram de Kosovo e partiram em direção à Albânia. Essas imagens estão na seção Refugiados e Migrados. As Crianças também protagonizam alguns dos registros mais emocionantes, em uma parte da mostra dedicada a elas. “Em toda situação de crise, as crianças são as maiores vítimas. São sempre as primeiras a sucumbir à fome ou à doença. Emocionalmente vulneráveis, não têm condições de compreender por que são expulsas de suas casas”, anota. Os pequenos migrantes estão na seção Retratos de Crianças.
Crianças em um Orfanato em Zaire, África em 1994. Além das duas seções citadas, há ainda outras três. A primeira, chamada África, é dedicada a países como Moçambique, Angola e Sudão. Uma outra parte, Luta Pela Terra, retrata pessoas que se recusaram a desistir e permaneceram em seu lugar de origem, como índios da região amazônica. Finalmente, há a seção Megacidades, que mostra grandes centros urbanos como Xangai e Jacarta, que recebem muitos imigrantes.
Refugiadas se preparam para voltar a Moçambique - Campo de trânsito de Mabamba Bay, Tanzânia, 1994.
Criança angolana deslocada para Cazombo, província do Alto Zambeze - Angola, 1997.

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