quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Meus ensaios e produções textuais

2023

MONOGRAFIA para conclusão da graduação Tecnologia em Gestão Pública no IFB 

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DIVERSIDADE, um estudo sobre as licenciaturas do Instituto Federal de Brasília em perspectiva interseccional.  

Resumo: No Brasil, a desigualdade é uma naturalização da violência cotidiana vivida por homens e mulheres, influenciada por gênero, raça e classe. É fundamental considerar a interconexão dessas disparidades e a necessidade de incluir e priorizar os grupos marginalizados na compreensão de suas perspectivas e interpretações da realidade. A educação desempenha um papel crucial na promoção da igualdade e no combate à desigualdade, e professoras(es) e estudantes são protagonistas na mediação do processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, este estudo tem como objetivo analisar o lugar da diversidade no currículo dos cursos de licenciatura do Instituto Federal de Brasília (IFB), com foco na integração das questões da diversidade no currículo e no alinhamento com as diretrizes curriculares nacionais para a formação de docentes da educação básica. Este estudo qualitativo utilizou a análise documental a partir de uma perspectiva interseccional, priorizando as categorias de gênero, raça e classe.

Palavras-chave: formação de professores; interseccionalidade; licenciatura; Instituto Federal de Brasília.

_________________________________________

2023

Artigo para conclusão da disciplina Finanças Públicas

Finanças Públicas do Município de Formosa de Goiás

Resumo: Formosa, município de Goiás, tem uma história que remonta a 1843, evoluindo significativamente com a proximidade a Brasília. É parte da RIDE - Região Integrada de Desenvolvimento Econômico - próximo à capital. Apesar da forte atividade agropecuária, muitos residentes trabalham em Brasília. A cidade enfrenta um perfil de dormitório devido à proximidade com a capital. Rica em atrativos naturais, como cachoeiras e sítios arqueológicos, destaca-se a cachoeira do Itiquira, uma das mais altas da América Latina. A lagoa Feia e sítios arqueológicos como Toca da Onça e do Bisnau também são notáveis. A pesquisa abordará a história de Formosa, os desafios sociais e econômicos, e examinará suas finanças em busca de soluções para os problemas da região.

Palavras-chave: Formosa, problemas sociais e finanças.

____________________________________________

2021

Artigo para conclusão da disciplina Gestão da Informação no IFB 

Tecnologias digitais de informação e comunicação no Instituto Federal de Brasília.

Resumo: Este trabalho investigou Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação - TDICs no contexto escolar. O objetivo foi reconhecer as possibilidades e desafios das tecnologias digitais de informação e comunicação para o ensino-aprendizagem no ensino superior. Através do estudo de caso da Instituição de ensino superior: Instituto Federal de Brasília foi possível desenvolver os seguintes objetivos específicos: conceituar as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação; Pesquisar as contribuições dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem – AVAs: moodle e google sala de aula, para ensino-aprendizagem no Instituto Federal de Brasília e apresentar as possibilidades e desafios para o ensino-aprendizagem com utilização das TDICs. A pesquisa foi conduzida pelo método qualitativo, através de revisão bibliográfica, com objeto de estudo conduzido por estudo de caso e exame dos resultados por meio de análise de conteúdo. Os resultados apontaram que houve aspectos positivos na utilização das TDICs no Instituto Federal do Brasil. De modo que foi possível mitigar os prejuízos ao ensino aprendizagem no período pandêmico da COVID-19, através da possibilidade e fomento da utilização dos AVAs e do auxílio econômico para aquisição de tecnologias ao estudo remoto. Por fim, a pesquisa demonstrou que a revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação está remodelando a base material da educação, dessa forma os desafios de formação ao uso das TDICs estão para toda comunidade escolar do ensino superior.

Palavras-chave: Cibercultura. tecnologias educacionais. educação. ensino-aprendizagem.

_______________________________________________

2020

Artigo para conclusão de especialização em Tecnologias e Educação Aberta e Digital pela UFRB 

CIDADANIA E CIBERATIVISMO NO BRASIL: o papel dos ciberespaços no exercício da cidadania.

Resumo: A cidadania no Brasil foi cerceada pelos regimes políticos vivenciados no país. Mas, atualmente direitos políticos e sociais são reivindicados contidamente, através da organização da sociedade civil. Com a democratização da internet, dos computadores e das comunicações nos ciberespaços, a população se organiza e se manifesta através desses espaços. Uma das organizações civis nos ciberespaços marcantes são os movimentos sociais que atuam com as campanhas político-sociais para mobilizar a sociedade, essa interação é chamada de ciberativismo. O ciberativismo é caracterizado por campanhas através das Hastags “#” que geram links de denúncias, manifestações e organizações em rede. Assim, pessoas e grupos usam ferramentas virtuais para debater e expor demandas individuais e coletivas. Portanto, a prática do ciberativismo nos ciberespaços de realizar, motivar e divulgar causas políticas e sociais vem de encontro a demandas da população alijada pela cidadania histórica brasileira. Esta revisão bibliográfica procura descrever como os ciberespaços e o ambiente virtual contribuem no desenvolvimento da cidadania.

Palavras-chave: Cidadania no Brasil. Ciberespaços. Ciberativismo.

________________________________________

2016

Resenha do documentário: Como se fosse da família e do filme capitão Fantástico na Revista pedagógica: Materialismo Histórico Dialético, pela Universidade Estadual do Goiás. 

Revista Pedagógica: Materialismo Histórico Dialético - UEG

Resumo: documentário Como se fosse da família, dirigido por Alice Riff e Luciano Onça, com 13 minutos foi lançado em 2013 mundialmente. Neste filme, duas empregadas domésticas que passaram a vida trabalhando para mesma família de classe média brasileira falam sobre sentimentos, vínculos familiares, trabalho e direitos. O longa Capitão Fantástico lançado em 2016 nos EUA, com duração de 118 minutos, direção e roteiro de Matt Ross gira em torno de Bem (Viggo Mortensen) - O capitão, que cria seus seis filhos na mata; ensina técnicas de sobrevivência na floresta e a educação que é familiar baseada em literaturas socialistas libertárias que apresenta como ícone Noam Chomsky.

_________________________________________

2014

Pôster apresentado no I seminário de História Medieval em 2014, resumo publicado na página 77

Apresentação de Pôster no I SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA MEDIEVAL III ENCONTRO DA ABREM CENTRO-OESTE.

TÍTULO DO PÔSTER: Gênero no Cristianismo Antigo

RESUMO: O movimento cristão que no início enfrentou a grande Roma hoje se tornou o império de disseminação de discriminações. Conhecer a não predominância na liderança masculina dentro do cristianismo antigo objetiva abrir uma nova cosmovisão fora da lógica patriarcal da analise textual. O Presente artigo analisa de forma exegética feminista o texto canônico bíblico de Lucas 10. Procura dar uma nova visão da atuação das mulheres no movimento cristão. A contraproposta em face de massa de comentaristas fundamentalistas monstra que as mulheres tiveram uma atuação legítima dentro do movimento e que não eram somente espectadoras.

PALAVRAS-CHAVE: Cristianismo Antigo, Exegese, Feminismo, Hermenêutica e Diaconia.

_______________________________________

2013

Artigo produzido como requisito para conclusão da disciplina Gênero e Etnia no Cristianismo Antigo, na Especialização em Cristianismo Antigo - UNB 

Gênero e Etnia no Cristianismo Antigo

Resumo: O movimento cristão que no início enfrentou a grande Roma hoje se tornou o império de disseminação de discriminações. Conhecer a não predominância na liderança masculina dentro do cristianismo antigo objetiva abrir uma nova cosmovisão fora da lógica patriarcal da analise textual. O Presente artigo analisa de forma exegética feminista o texto canônico bíblico de Lucas 10. Procura dar uma nova visão da atuação das mulheres no movimento cristão. A contraproposta em face de massa de comentaristas fundamentalistas monstra que as mulheres tiveram uma atuação legítima dentro do movimento e que não eram somente espectadoras.

Palavras-Chave: Cristianismo Antigo, Exegese, Feminismo, Hermenêutica e Diaconia.


domingo, 1 de outubro de 2017

Análise: Crepúsculo dos ídolos

A principal característica de Friedrich Nietzsch é escrever por aforismo.

Mas o que é Aforismo?
É um texto breve que enuncia uma regra, um pensamento, um princípio ou uma advertência. É um estilo de sentença que articula literatura e filosofia em que a percepção da vida, da sociedade, ou tudo que venha a ser objeto de pensamento, é realçado pela expressividade de uma mensagem verdadeira e concisa. É qualquer forma de expressão sucinta de um pensamento moral. Do grego “aphorismus”, que significa “definição breve”, “sentença”. Alguns sinônimos de aforismos são: ditado, máxima, adágio, axioma, provérbio e sentença.

Para Nietzsche existem dois espíritos antagônicos: o apolíneo e o dionisíaco.
a) Dionisíaco: o deus da música e da embriaguez, o deus que não habita o Olimpo (reino do racionalismo); é a força vital, a alegria, o excesso; a ação, a emoção o sentimento.
b) Apolíneo: o surgimento da filosofia representa o que Nietzsche chama o espírito apolíneo, derivado de Apolo, o severo deus da racionalidade, da medida, da regra, da lei, do método, do equilíbrio, da moralidade.

O que é niilismo? Do latin – Nihilismus. Doutrina segundo a qual não existe qualquer verdade moral ou hierarquia de valores. Em Nietzsche é empregado como para qualificar sua oposição radical aos valores morais tradicionais e às tradicionais crenças. Os valores devem ser afirmativos da existência real do homem, de sua vontade e não da tradição.
• A decadência dos valores teria surgido com Sócrates, que elevou a questão da moral ao comportamento humano, desvinculando-o do prazer que deveria ser buscado por todos.
• A moral defendida por Nietzsche é radical, anticristã e o seu objetivo é o poder, a força e vê na compaixão uma fraqueza a ser combatida.

O Eterno Retorno
É a fórmula que pode sintetizar todo o pensamento de Nietzsche. Ele ataca o platonismo (dualismo platônico) e o paraíso cristão (mundo divino). Para ele só esse mundo é real com suas constantes mudanças. Há apenas perspectivas diferentes sobre um real em transformação e que se repete num eterno retorno → teste pelo qual o homem deveria passar: a vida, revivida inúmeras vezes, não trazendo nada de novo o que pode levar o homem à destruição ou exaltação, dependendo de sua capacidade para superar e admitir essa contínua repetição. Deve-se aceitar a vida com o ela é.

O super-homem
Übermensche: aceitar a vida não é o mesmo que aceitar o homem. O super-homem é a vontade de poder, determinando a nova ordem de valores. É o líder guerreiro, altamente disciplinado. É o novo homem que quebrará as velhas cadeias e criará um novo sentido na terra. É o homem que vai além do homem. O cristianismo doma o espírito e enfraquece a vontade de poder, da conquista, da paixão. O santo cristão é o resultado do medo do inferno e não do amor à humanidade.

• A racionalização histórica levava o homem a "perder-se ou destruir seu instinto fazendo com que ele não ouse soltar o freio do 'animal divino' quando a sua inteligência vacila e o seu caminho passa por desertos.

• Ideia da necessidade da formação de uma nova elite - não contaminada pelo cristianismo e pelo liberalismo - e que ao mesmo tempo os transcendesse, acometeu Nietzsche desde muito cedo. Mostrou-se obcecado pela formação de uma seleta falange intelectual responsável pela transmutação de todos os valores, cuja obrigação e dever maior era a proteção de uma cultura superior ameaçada pela vulgaridade democrática.

O Crepúsculo dos Ídolos
É obra que apresenta uma crítica aniquiladora de todas as "verdades" que se entronizaram no Ocidente. Crepúsculo do Ídolos é um dos escritos centrais de Nietzsche pela violência com que fustiga a religião, a política, a razão e a ciência, ao mesmo tempo que promove a imagem do homem vitalmente liberto.
“Não sou, por exemplo, nenhum bicho-papão, nenhum monstro de moral – sou até mesmo uma natureza oposta à espécie de homem que até agora se venerou como virtuosa. Entre nós, parece-me que recisamente isso faz parte de meu orgulho. Sou um discípulo do filósofo Dionísio, preferiria antes ser um sátiro do que um santo”. (Ecce Homo, prólogo). É assim que Nietzsche se descreve em sua autobiografia. Idolatrado por alguns, menosprezado por outros, ele é, de fato, um irreverente – ou talvez, melhor seria dizer, um extemporâneo.
Trata-se de uma síntese e introdução a toda a sua obra, e ao mesmo tempo uma "declaração de guerra". É com espírito guerreiro que ele se lança contra os "ídolos", as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e tendências modernas e seus representantes. De tão variados e abrangentes, esses ataques compõem um mosaico dos temas e atitudes do autor: o perspectivismo, o aristocratismo, o realismo ante a sexualidade, o materialismo, a abordagem psicológica de artistas e pensadores, o antigermanismo, a misoginia. O título é uma paródia do título de uma opera de Wagner, Crepúsculo dos deuses. No subtítulo, a palavra "martelo" deve ser entendida como marreta, para destroçar os ídolos, e também como diapasão, para, ao tocar as estátuas dos ídolos, comprovar que são ocos.

Por Friedrich Nietzsche
“O resto é aborto e ainda não ciência: quero dizer, metafísica, teologia, psicologia, teoria do conhecimento. Ou ciência formal, teoria dos signos: como a lógica e aquela aplicada, a matemática. Nelas, a realidade absolutamente não aparece, nem sequer como problema; tampouco pergunta acerca do valor que, afinal, possui uma convenção de signos como a lógica.” (NIETZSCHE: 1888, p. 36)

Principais obras: Assim falou Zaratustra – 1883-85 (onde expõe a ideia do eterno retorno e da derrota da moral cristã pelo super-homem); A Origem da Tragédia – 1872 – seu primeiro livro onde faz uma crítica a cultura grega e sua influência no desenvolvimento do pensamento ocidental. E em 1888 o Crepúsculo dos Ídolos – como filosofar a marteladas.

Bibliografia:
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Crepúsculo dos Ídolos, ou, Como se filosofa como o martelo. Tradução de Renato Zwick. Porto Alegra, Rs: L&PM, 2017.
MAZAI, Norberto. Resenha Estudo de Filosofia. Disponível em: Acesso em 01 de outubro de 2017.

(QUESTÃO PAS-UNB 3ª ETAPA-2016)
Com relação à interpretação de aforismos retirados da obra Crepúsculo dos Ídolos, de Friedrich Nietzsche, julgue os itens de 1 a 3 e assinale a opção correta no item 4, que é do tipo C.
1. Em “O verme se enconcha quando é chutado. Essa é a sua astúcia, ele diminui com isso a probabilidade de ser novamente chutado. Na língua da moral: humildade”, Nietzsche relaciona a ideia cristã de humildade à covardia.
2. No aforismo “Que não se venha a cometer nenhuma covardia contra as próprias ações! Que não as abandonemos em seguida! O remorso é indecente.”, Nietzsche defende a noção de responsabilidade social.
3. No aforismo a seguir, escrito na porta da casa de um antissemita: “Como? Vós escolhestes a virtude e o peito estufado, mas olhais ao mesmo tempo invejosamente para as vantagens dos inescrupulosos? Com a virtude renuncia-se, contudo, às ‘vantagens’ (...)”, Nietzsche critica a pretensa virtude da renúncia, que, para ele, é uma forma de ocultar fraquezas.
4. No aforismo “Quem não sabe colocar sua vontade nas coisas ainda insere nelas ao menos um sentido: isto é, crê que uma vontade já esteja nelas (princípio da ‘fé’)”, Nietzsche sustenta, entre outras teses, a de que as coisas não possuem vontade de qualquer tipo.
5. No aforismo “O homem criou a mulher. A partir de que, porém? De uma costela de seu Deus ― de seu ‘Ideal’ (...)”, Nietzsche sustenta que
a) A versão bíblica do surgimento da mulher é verdadeira, a despeito de o autor ser um crítico das religiões em geral, e do cristianismo em particular.
b) A versão bíblica do surgimento da mulher é uma projeção masculina que se pretende justificar pela referência a um ato divino.
c) A mulher é um ideal divino, e sua criação foi um ato da vontade de potência de Deus.
d) Deus é um ideal que carrega consigo traços femininos e, por isso, foi criado pelos homens.




sábado, 19 de agosto de 2017

Análise: Dossiê Darwin




Para homenagear os 200 anos de Charles Darwin, a Revista Darcy publica um dossiê com 26 páginas sobre esse inglês inquieto que passou a infância colecionando insetos e que na juventude se aventurou por terras brasileiras. Repórteres e articulistas da apresentam bem mais do que uma revisão da vida e obra de Darwin. Em matérias e artigos, eles mostram a herança darwinista em laboratórios e salas de aula da Universidade de Brasília e refletem sobre as encruzilhadas das teses evolucionistas.

Chales Darwin, nasceu em Shropshire, Inglaterra, em 12 de fevereiro de 1809. De uma família abastarde, era o quinto filho de 6 filhos. Estudou medicina, direito e também teologia, mas não terminou nenhum dos cursos. No fim seguiu a carreira de naturalista, ao qual desde a infância já lhe trazia paixão.

Resumindo a teoria:

Evolucionismo é uma teoria elaborada e desenvolvida por diversos cientistas para explicar as alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos ao longo do tempo, em sua relação com o meio ambiente onde elas habitam. O principal cientista ligado ao evolucionismo foi o inglês Charles Robert Darwin (1809-1882), que publicou, em 1859, a obra Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou sua conservação das espécies favorecidas na luta pela vida, ou como é mais comumente conhecida, A Origem das Espécies.

Darwin elaborou sua principal obra a partir de uma pesquisa realizada em várias partes do mundo. Nessa viagem, o cientista inglês pôde perceber como diversas espécies aparentadas possuíam características distintas, dependendo do local em que eram encontradas.

Darwin pôde perceber ainda que entre espécies extintas e espécies presentes no meio ambiente havia características comuns. Isso o levou a afirmar que havia um caráter mutável entre as espécies, e não uma característica imutável como antes era comum entender. As espécies não existem da mesma forma ao longo do tempo, elas evoluem. Durante a evolução, elas transmitem geneticamente essas mudanças às gerações posteriores.

Entretanto, para Darwin, evoluir é mudar biologicamente (e não necessariamente se tornar melhor), e as mudanças geralmente ocorrem para que exista uma adaptação das espécies ao meio ambiente em que vivem. A esse processo de mudança em consonância com o meio ambiente Charles Darwin deu o nome de seleção natural.

A teoria elaborada por Charles Darwin causou grande polêmica no meio científico. Isso mesmo tendo existido antes dele cientistas que já afirmavam que toda a alteração no mundo orgânico, bem como no mundo inorgânico, é o resultado de uma lei, e não uma intervenção miraculosa, como escreveu o naturalista francês Jean-Baptiste de Lamark (1744-1829).

Havia ainda à época uma noção de que as espécies tinham suas características fixadas desde o início de sua existência, não havendo o caráter de mudança não divina apontada pelo cientista inglês. Tal concepção era fortemente influenciada pela filosofia religiosa cristã, da criação por Deus de todos os seres vivos desde o início do mundo. Até Charles Darwin teve suas convicções religiosas abaladas com os resultados de suas pesquisas, o que o levou a se recusar a apresentá-los por cerca de vinte anos.

Uma polêmica constante na teoria evolucionista está relacionada com os seres humanos. No que se refere à evolução de homens e mulheres, o evolucionismo indica que nós temos um ancestral comum com algumas espécies de macacos, como o chimpanzé. Pesquisas recentes de decodificação do genoma indicam uma semelhança de 98% entre os genes de seres humanos e chimpanzés. Porém, isso não quer dizer que o homem descende do macaco. Indica apenas que somos parentes.

(QUESTÃO PAS 3ª ETAPA/2013) A existência de sociedades como a de algumas espécies de abelhas nas quais apenas a rainha é reprodutora é um enigma evolutivo tão antigo quanto a própria teoria da evolução: Charles Darwin considerava esse fato um entrave à sua argumentação. No caso das abelhas, rainhas e operárias não apresentam diferenças genotípicas que expliquem essa diferença em castas, mas sim diferenças no alimento oferecido a cada uma das castas já no estágio larval. Sistemas altamente ordenados cuja maior parte dos participantes é estéril e divide tarefas como o cuidado com os jovens e outras funções essenciais à manutenção da colônia são denominados eussocialidade. Pesquisa concluiu que um aumento na complexidade das redes que interligam os genes está por trás da evolução da eussocialidade. Há alterações nos promotores dos genes das espécies mais sociais que aumentam potencialmente a capacidade desses promotores de se ligarem a produtos produzidos por diversos genes. Esses resultados indicam que há um papel dos genes na eussocialidade, embora não haja uma receita genética única para a socialidade e novas características possam aparecer a cada novo surgimento desse tipo de organização. A complexidade das redes gênicas é um fator que parece ser essencial.

Tendo o texto acima como referência e considerando os múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os itens
1- Interações do tipo epistasia são exemplos das redes genéticas a que o texto se refere, de modo que o aumento na “complexidade das redes gênicas” (R.21) pode significar o aumento do número de genes com relações epistáticas, em comparação a espécies sem eussocialidade.
2- De acordo com o texto, a eussocialidade está relacionada a diferentes alelos de um gene específico, o que explica a vantagem evolutiva desse fenótipo.
3- Darwin concluiu com suas observações que a ocorrência de mutações gênicas é responsável pela mutabilidade das espécies.
4- Infere-se do texto que o entrave enfrentado por Darwin com relação à eussocialidade deve-se à discrepância entre a seleção natural (um modelo evolutivo embasado na seleção de indivíduos com fenótipos mais adequados a certos ambientes) e a seleção com base em genótipos, como a que ocorre em algumas populações de abelhas.

(QUESTÃO – ENEM/2009) Os ratos Peromyscus polionotus encontram-se distribuídos em ampla região na América do Norte. A pelagem de ratos dessa espécie varia do marrom claro até́ o escuro, sendo que os ratos de uma mesma população têm coloração muito semelhante. Em geral, a coloração da pelagem também é muito parecida acordo solo da região em que se encontram, que também apresenta a mesma variação de cor, distribuídas ao longo de um gradiente sul-norte. Na figura abaixo, encontram-se representadas sete diferentes populações de P. polionotus. Cada população é representada pela pelagem do rato, por uma amostra de solo e por sua posição geográfica no mapa. O mecanismo evolutivo envolvido na associação entre cores de pelagem e de substrato é:

A) A alimentação, pois pigmentos de terra são absorvidos e alteram a cor da pelagem dos roedores.
B) O fluxo gênico entre as diferentes populações, que mantém constante a grande diversidade interpopulacional.
C) A seleção natural, que, nesse caso, poderia ser entendida como a sobrevivência diferenciada de indivíduos com características distintas.
D) A mutação genética, que, em certos ambientes, como os de solo mais escuro, tem maior ocorrência e capacidade de alterar significativamente a cor da pelagem dos animais.
E) A herança̧ de caracteres adquiridos, capacidade de organismos se adaptarem a diferentes ambientes e transmitirem suas características genéticas aos descendentes



domingo, 13 de agosto de 2017

Análise: Cibercultura, alguns pontos para compreender a nossa época - André Lemos


Resumo do texto
O autor André Lemos trabalha o conceito de “Cibercultura” em seus diversos aspectos, define como cibercultura como marcada por tecnologias digitais na contemporaneidade. Ressalta que o uso das tecnologias digitais está para atualização cientifica e futura manipulação humana de dados.
A nova dinâmica técnico-social da cibercultura instaura uma estrutura midiática ímpar na história da humanidade onde, pela primeira vez, qualquer indivíduo pode, a priori, emitir e receber informação em tempo real, sob diversos formados e modulações (escrita, imagética e sonora) para qualquer lugar do planeta. Esse fenômeno inédito alia-se ainda a uma transformação fundamental para a compreensão da cibercultura, a saber, a transformação do computador pessoal e um instrumento coletivo e deste ao coletivo móvel (com a atual revolução do “Wi-Fi”, que será com certeza a nova etapa da cibercultura).

Porém a exclusão digital é um fato, embora não seja a única em países como o Brasil. Para além dessa constatação devemos reconhecer que não há mídia totalmente democrática e universal, pois a mídia impressa é lida por uma minoria e metade da população mundial nunca utilizou um telefone. No entanto, podemos dizer que a perseguição da humanidade está associada ao crescimento da artificialização do mundo e a colocação em disponibilidade de cada vez mais escolha informativa. O aumento pode ser constatado se olharmos sob uma perspectiva histórica, desde as sociedades primitivas, fechadas, até as sociedades abertas e avançadas da atualidade. Temos ao nosso dispor cada vez mais informações. A internet é hoje a ponta desse fenômeno. Devemos assim lutar para garantir o acesso a todos, condição essa fundamental para que haja uma verdadeira apropriação social das novas tecnologias de comunicação e informação.

As práticas comunicacionais da cibercultura são inúmeras e algumas verdadeiramente inéditas. Dentre elas podemos elencar a utilização do e-mail, os chats, os muds, jogos tipo role playing games, as lans house, as listas de discussão livres e temáticas, os weblogs, novo fenômeno de apresentação do eu na vida quotidiana (Lemos, 2002c) onde são criados coletivos, diários pessoais e novas formas jornalísticas, sem falar nas formas tradicionais de comunicação que são ampliadas, transformadas e reconfiguradas com o advento da cibercultura a exemplo do jornalismo online, das rádios online, das TVs online, das revistas e diversos sites de informação espalhados pelo mundo. A cibercultura é recheada de novas maneiras de se relacionar com o outro e com o mundo.

Trata-se aqui da migração dos formatos, da lógica da reconfiguração e não do aniquilamento de formas anteriores. Não é transposição e não é aniquilação. Estamos mais uma vez diante da liberação do pólo da emissão, do surgimento de uma comunicação bidirecional sem controle de conteúdo. E novos instrumentos surgem a cada dia.

A arte na cibercultura vai abusar da interatividade, das possibilidades hipertextuais, das colagens (sampling) de informações (bits), dos processos fractais e complexos, da não linearidade do discurso. A arte passa a reivindicar, mais do que antes, a ideia de rede, de conexão, transformando-se em uma arte da comunicação eletrônica. O objetivo é a navegação, a interatividade e a simulação para além da mera exposição/audição.

O corpo sempre foi um constructo cultural e está imbricado no desenvolvimento da cultura. Nesse sentido, o corpo da cibercultura é um corpo ampliado, transformado e refuncionalizado a partir das possibilidades técnica de introdução de micro-máquinas que podem auxiliar as diversas funções do organismo. Assim próteses nanotecnológicas regidas pelas tecnologias digitais podem ampliar e reformular funções ortopédicas, visuais, cardíacas, entre outras.

As cidades contemporâneas já estão sob o signo do digital e basta olharmos à nossa volta para constatarmos celulares, palms, televisão por cabo e satélite, internet de banda larga e wireless, cartões inteligentes, etc. Assim, devemos repensar o uso das novas tecnologias da cibercultura no espaço urbano. O que é o espaço urbano hoje, onde estar perto não é estar no mesmo lugar? O que é o lugar (rua, praça, monumentos) quando temos possibilidade de teletrabalho, tele-estudo, telemedicina? A questão da cidade é crucial para a cibercultura.

Leis da Cibercultura.

Uma primeira é a lei da Reconfiguração. Devemos evitar a lógica da substituição ou do aniquilamento. Em várias expressões da cibercultura trata-se de reconfigurar práticas, modalidades midiáticas, espaços, sem a substituição de seus respectivos antecedentes.

A segunda é a Lei da Liberação do pólo da emissão. As diversas manifestações
Socioculturais contemporâneas mostram que o que está em jogo como o excesso de informação nada mais é do que a emergência de vozes e discursos anteriormente reprimidos pela edição da informação pelos mass media. A liberação do pólo da emissão está presente nas novas formas de relacionamento social, de disponibilização da informação e na opinião e movimentação social da rede. Assim chats, weblogs, sites, listas, novas modalidade midiáticas, e-mails, comunidade virtuais, entre outras formas sociais, podem ser compreendidas por essa segunda lei.

A terceira lei é a da Conectividade generalizada que começa com a transformação do PC em CC, e desse em CC móvel. As diversas redes sócio técnica contemporâneas mostram que é possível estar só sem estar isolado. A conectividade generalizada põe em contato direto homens e homens, homens e máquinas mas também máquinas e máquinas que passam a trocar informação de forma autônoma e independente. Nessa era da conexão o tempo reduz-se ao tempo real e o espaço transforma-se em não espaço, mesmo que por isso a importância do espaço real, como vimos, e do tempo cronológico, que passa, tenham suas importâncias renovadas.

Devemos assim estar abertos às potencialidades das tecnologias da cibercultura e atentos às negatividades das mesmas. Devemos tentar compreender a vida como ela é e buscar compreender e nos apoderar dos meios sócio técnicos da cibercultura. Isso garantirá a nossa sobrevivência cultural, estética, social e política para além de um mero controle maquínico do mundo. O fenômeno ainda está em sua pré-história e esse objeto dinâmico se transformará com certeza.

QUESTÕES (PAS: 3ª ETAPA-2013)
Cibercultura é a cultura contemporânea marcada pelas tecnologias digitais. Já se vive a cibercultura. Ela não é o futuro que vai chegar, mas o presente (home banking, cartões inteligentes, celulares, palms, voto eletrônico, imposto de renda via rede, entre outros). Trata-se assim de escapar, seja de um determinismo técnico, seja de um determinismo social. A cibercultura representa a cultura contemporânea, sendo consequência direta da evolução da cultura técnica moderna.
André Lemos. Cibercultura: alguns pontos para compreender a nossa época. In: Olhares sobre a cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2003 (com adaptações)

A festa dhies é um dia de celebração marcado por um contexto religioso. Em latim, le dies festus é o dia ‘tocado’ de um signo especial. É o dia da demonstração pública pela qual se deseja ‘tocar’ o espírito do próximo, atrair fortemente sua atenção, mostrar evidência, fazer a celebração triunfar, manifestá-la. Como demonstração pública, a festa possibilita que as pessoas se mostrem para aqueles que desejam olhar, observar evidências e realizar o envolvimento com gente que celebra.
Maria Geralda Almeida. Sentidos das festas no território patrimonial e turístico. In: Valor patrimonial e turismo: limiar entre história, território e poder. São Paulo: Expressão Popular, 2012, p. 158.

A respeito das ideias contidas nos trechos de textos acima e dos múltiplos aspectos a elas relacionados, julgue os próximos itens.
1) As técnicas e as tecnologias atuais trazem novas maneiras de ser, de pensar e de viver, em que a curta duração das coisas e das relações surge como razão singular.
2) A dimensão técnico-científica e cultural da contemporaneidade é totalizante e universal, apesar das contradições que a acompanham, como o individualismo.
3) A história do século XX é também marcada pela emergência de uma sociedade de massas, representada, entre outros aspectos, pela crescente universalização do acesso à educação, pela expansão das mídias e por uma exuberante indústria do entretenimento, de que seriam exemplos o cinema, a televisão, a música e os esportes.
4) Os dois fragmentos de textos se contrapõem na medida em que tratam de signos da modernidade — acerca do advento técnico — e da tradição — a respeito das relações sociais.
5) Sendo o espaço urbano das grandes cidades marcado pelo distanciamento dos que nelas vivem, as festas sacras representam resistências nas grandes cidades brasileiras, por guardarem ainda o caráter proximal e afetivo mencionado no segundo texto.

sábado, 29 de julho de 2017

Análise: Poética - Manuel Bandeira



Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
Protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor.
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas

Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário
Do amante exemplar com cem modelos de cartas
E as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação

Análise
De Caráter modernista, utiliza versos livres, de repetição, supressão de regras de pontuação e alguns retratam imagens negativas sobre os valores dos movimentos anteriores, estas formas traduzem a liberdade do movimento modernista. O verso livre não utiliza as regras tradicionais tanto na métrica e na versificação, o qual baseia seu efeito poético principalmente no ritmo. O que caracteriza o versolivrismo aqui é uma mudança de atitude e também de crítica: a sílaba deixa de ser a unidade de medida e a combinação de pausas e entoações passa a ser fator relevante.
Manuel Bandeira emprega várias imagens para iniciar o processo de negação dos valores poéticos do passado e depois de defesa de um lirismo libertador; imagens que são modeladas em linguagem cotidiana e que estão baseadas na associação destas ideias de modo a despertar o interesse por uma atualização da inteligência artística. O poema Poética de Manuel Bandeira é um dos paradigmas da estética modernista e uma das mais conhecidas bandeiras de luta dos modernistas por esta atualização poética. Podemos dividir o poema em duas macro partes: repulsa dos elementos normativos e da ordem que transformam a arte em ato burocrático e pregação de um lirismo espontâneo, sem censuras e repressões.

Na introdução do poema deixa claro o caráter contestatório através do uso de reiterações que marcam um descontentamento com o tipo de lírica utilizada dado pela fastidiosa repetição do “estou farto”.

Estou farto do lirismo comedido ...
Estou farto do lirismo que pára ...
Estou farto do lirismo namorador...


A utilização do pronome “todo” reforça a ideia de negação a tudo que não seja o lirismo que não é libertação. Novamente, o poeta distancia-se dos valores tradicionais e nega por completo as manifestações líricas que limitam a liberdade poética com expressões como “abaixo os puristas”, “de resto não é lirismo”, “não quero mais”.

Para expressar mais ainda sua insatisfação, o poeta incorpora elementos estereotipados das estéticas anteriores para ironiza-las, utilizando expressões científicas e imagens típicas do cotidiano moderno. As referências aos “lirismo comedido e bem comportado”.

Convém salientar que a atitude de Bandeira utilizada em todo o poema para ironizar os valores estéticos, que destroem a originalidade, é recorrer a estereótipos que limitam a criação poética, que se caracterizam por racionais, burocráticos, bajulatórios e formais. “Estou farto (....) do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. Diretor ...”. O poeta utiliza uma personagem tipicamente modernista, protagonista das cidades: a figura do funcionário público que trabalha em um ambiente burocrático e que apresenta em seu cotidiano uma série de formalidades que devem ser cumpridas como livro de ponto, expediente rígido e protocolo. Este tipo de lirismo é cada vez mais parodiado quando Bandeira diz que ainda é um lirismo de “manifestações de apreço ao sr. Diretor”. Esta última expressão carrega uma carga de humor e fornece uma característica bastante comum do desenvolvimento histórico do Brasil clientelista,ccujos cargos públicos são conseguidos e/ou mantidos em troca de favores, votos recebidos e bajulações ao “sr. Diretor”. Este lirismo condenado por Bandeira é justamente aquele cujo indivíduo prefere ter uma posição de subalternidade, de bajulação à ordem vigente e de obediência à máquina burocratizante a ter como centro motivador a si mesmo.

Outra estética que Bandeira ironiza no poema é a romântica: o lirismo namorador, político, raquítico e sifilítico. Ao utilizar as formas adjetivas citadas, o poeta caracteriza os principais aspectos abordados pelos poetas românticos e com a forma verbal reafirma novamente que está farto deste tipo de lirismo também.

- Namorador : amor extremo e idealizado e sentimentalismo. - Político: amor à Pátria e o engajamento político dos poetas - Raquítico e sifilítico: o apego à solidão, ao ambiente noturno, ao “mal do século romântico” que os deixam em um estado doentio, debilitado.

(ENEM) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época.
Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta:
a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.
b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.
c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.
d) Propõe o retorno do movimento romântico.
e) Propõe a criação de um novo lirismo.

domingo, 23 de julho de 2017

Análise: Poema Psicologia de um vencido- Augusto dos Anjos



Análise – Poema Psicologia de um vencido- Augusto dos Anjos

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Análise

Augusto dos Anjos, escritor paraibano, é muito conhecido pelo seu pessimismo e suas imagens mórbidas e impactantes. Escreveu apenas um livro, “Eu”, que é composto de 58 poemas que abordam a temática da podridão, do terror, da morte e do sofrimento. Posteriormente o esse livro foi republicado e teve mais textos adicionados, mudando assim seu título para “Eu e outras poesias”. Dentre os 58 poemas contidos no livro, está “Psicologia de um vencido” que retrata o decadência do ser humano.

•1ª estrofe:
"Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco."

O personagem retratado no poema é o próprio eu lírico. No primeiro verso, Augusto dos Anjos faz referência ao carbono e ao amoníaco, sendo os dois compostos da atmosfera primitiva que pode ser representada pelo vulcão, que tem em sua composição CO2, NH3 e H20. O carbono também é abundante no corpo humano, o que demonstra a intenção do autor em dizer que é filho da matéria simples.

O eu lírico se apresenta como filho do carbono e da amônia, ou seja, é apenas uma formação de dois elementos orgânicos químicos presentes em vários seres vivos. O carbono que é aproximadamente 20% do corpo humano e a amônia, que é um gás muito conhecido pelo seu mau cheiro. Além disso, o eu lírico expõe que é um monstro que tem uma dor contínua desde sua hepigênesis (teoria da formação dos seres por geração gradual) até níveis cosmológicos.

No segundo verso o autor utiliza a palavra “monstro” no sentido de depreciação a si mesmo, uma característica comum em seus poemas. No terceiro verso há o sofrimento gradual, e no verso seguinte o seu sofrimento toma proporções universais.

•2ª estrofe:
"Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância ...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco."

Nessa estrofe o autor descreve o ambiente em que ele se encontra, sendo esse um lugar de dor e sofrimento que lhe causa ânsia e repugnância. Mais uma vez é usada a fisiologia, uma das marcas registradas de Augusto dos Anjos.

Na segunda estrofe, é apresentada a insatisfação e repugnância do ambiente que o eu lírico está. Resumindo, ele é um monstro, filho da vida (carbono), que vive em um ambiente de total sofrimento que lhe causa repugnância.

•3ª estrofe:
"Já o verme – esse operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,"
O verme pode ser considerado outro “personagem” do poema já que ele representa um certo tipo de inimigo do eu lírico quando ele “declara guerra à vida”, sendo essa sua ação.

A terceira estrofe inicia com a apresentação do verme – “operário das ruínas” – um ser indefeso e insignificante, quando comparado à um homem vivo, que opera com o fim da vida comendo o sangue podre e declarando guerra ao que resta do carbono. O verme é tão traiçoeiro, que espreita os olhos do eu lírico para roê-los e acabar com a percepção de cores e formas do ambiente que o monstro, filho do carbono, tem repugnância. Contudo, o verme deixa os cabelos, pois os vermes não digerem a queratina (principal componente do cabelo).

•4ª estrofe:
"Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra."

O verme espreita os olhos (permite a visão do mundo) do eu lírico e deixa apenas o cabelo que é constituído de queratina, que é resistente ao tempo e que não pode ser decomposta pelos vermes.

No fim, o papel do verme foi de total decadência da vida, pois após a decomposição do eu lírico, não resta nada além da “frialdade inorgânica da terra”, ou seja, o que era orgânico e vivo (carbono), agora é inorgânico e morto (terra).

"A frialdade inorgânica" é o 'fim' do eu lírico que inicialmente era filho do carbono (representação da vida) e que agora está em um ambiente inorgânico (oposto da vida). A parte inorgânica da terra pode ser considerada como um solo firmado por desgaste das rochas e minerais inorgânicos.

(PAS-UnB 3ª etapa 2013) Considerando os aspectos linguísticos e as ideias presentes no poema Psicologia de um vencido, de Augusto dos Anjos, julgue os itens que se seguem.
1- Ao empregar no poema um vocabulário de áreas como a química, o eu lírico busca acentuar a dimensão material do ser humano, o qual não passa de uma combinação química, e mostrar que o ser humano é impotente ante a força da morte, caracterizada metaforicamente na figura do verme que declara guerra à vida.
2- Na caracterização do eu lírico (na primeira estrofe) e na caracterização do verme (na terceira estrofe), o poeta valeu-se de paralelismo sintático.


Meus ensaios e produções textuais

2023 MONOGRAFIA para conclusão da graduação Tecnologia em Gestão Pública no IFB  A FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A DIVERSIDADE, um estudo sob...